Antes de mais quero agradecer ao amigo Alberto Oliveira por, numa recente visita ao aeroporto do Porto, me ter recordado que à já algum tempo que não escrevia um trip report desta ou daquela viagem. Pois então aqui vai disto.
A “Operação Mirdif” recebeu os primeiros rabiscos à muitos anos atrás, foi colocada na gaveta, não esquecida mas simplesmente considerada muito arriscada. Foi sendo sucessivamente adiada em deterioramento de outros aeroportos mais fáceis. Mas o que tem de ser feito, tem de ser feito e não vale a pena adiar. Como ajuda a voltar a olhar para Mirdif tive um excelente guia de spotting, a ajuda de um dos seus autores, e um preço fantástico da British Airways. Não pensei muito e limitei-me a aceitar que era altura de regressar ao Dubai. Mas desta vez com a missão de fazer spotting naquele que eu considerava (e continua a considerar) um dos aeroportos com tráfego mais exótico / mais difícil de fotografar. Os voos foram reservados na BA em Julho e não só tinham a vantagem de se voar no mítico B747 bem como serem sensivelmente a metade do preço do voo direto da Emirates de Lisboa (mais de 800€!!).
Desde a reserva até ao dia do voo (28 de Novembro) houve muita troca de emails com um spotter Alemão acerca de Mirdif, onde fica localizado o local de spotting para a pista 30L, a mais usada de todas para aterragens. O principal ponto de discussão era a segurança, dado que ainda este ano tinham sido presos dois spottters no E.A.U. (não no Dubai). Optei por não alugar carro e seguir o meu instinto de usar os transportes públicos, o que me acabava por me deixar exposto uma vez no local de spotting, mas no entanto acabou por ser uma estratégia que resultou na perfeição. O hostel (U.A.E. Youth Hostel) também foi escolhido pela sua localização e acabou por ser uma excelente escolha na relação localização / preço. O tempo foi passando. Os meses tornaram-se semanas, e as semanas tornaram-se dias. No dia 28 de Novembro, com uma mochila às costa, um pequeno papel com variadas notas desorganizadas mas importantes acerca da viagem, sem binóculos que poderiam atrair atenções indesejadas (foi a 1ª spotting trip desde 2008 que fiz sem binóculos) e muita expetativa e curiosidade embarquei no G-EUUO que operou o voo BA499 para Heathrow. Um pouco depois do meio-dia, e após uma curta passagem por LHR, estava a descolar no B747 G-BNLN, que operava o voo BA107, sendo este um dos muito muito poucos voos que são operados para o Dubai com B747 (durante os 7 dias de spotting que estive em Mirdif os únicos B747 que vi foram os da UPS). Aterragem pontual antes da meia-noite e à 00:30 tinha passado a fronteira e estava agora no Dubai. Esta 1ª noite passeia no aeroporto e decidi de imediato enfrentar a “fera”. Fui à policia do aeroporto. Apresentei-me como um vulgar turista que foge ao frio da Europa e quer praias, Sol, e talvez, quem sabe, tirar um dia para fotografar uns aviões. Foram compreensíveis mas não hesitaram em dizer-me que não, culpando toda a situação no Médio Oriente por isso. Mesmo quando apresentei fotos minhas de aviões tiradas do chão para o ar, foi me novamente dito que não se podia tirar fotos a aviões. “Aceitei”, falamos do Cristiano Ronaldo, (tinha que ser, não é…) e fui me embora. Pelo menos fiquei a saber da versão oficial da policia.
Nessa mesma manhã pelas 8 horas dei inicio à operação Mirdif e iniciei uma rotina que se manteve durante 7 dias. Entrei no metro e saí em Etisalat onde mudei para o autocarro 367, saindo depois na paragem “Mirdif City Centre”. Ao final do dia fiz (e comecei a fazer) o percurso inverso, saindo na paragem “Stadium” que ficava a poucos metros do hostel. Aqui está o mapa para não se perderem no que foi escrito acima:
Quanto ao local de spotting é um grande terreno onde existe muito espaço. A norte do “Mirdif City Centre” (que é um shopping com Carrefour) existe um clube de ténis e junto a esse clube umas árvores que deverão providenciar boa sombra. Para alguém que como eu tem um 70-200 nesse local à sombra fica-se longe e é difícil fotografar os narrowbodies. Portanto decidi ir para mais próximo do segmento final da aproximação, arriscando ficar mais exposto, tanto aos olhares dos curiosos bem como ao Sol. Quando encontrei o local, sentei numa esteira de praia que tinha comprado e reparei que era praticamente impossível ser visto por quem passa de carro (o terreno está cerca de 1 metro e meio acima do nível da estrada). Apenas tinha que fotografar sentado, ir colocando protetor solar e dar sempre uma vista de olhos para ver se havia policia nas redondezas. Durante os dias que ali passei apenas vi a policia por duas vezes e num ângulo que para eles era virtualmente impossível detetarem-me. Por vezes havia uma ou outra pessoa a passar em direção a umas obras que havia a cerca de 20 metros à frente e também algumas carrinhas de transporte a pararem, aproveitando os condutores para tirarem uma sesta. Apenas me limitava a acenar e era correspondido com outro aceno. Nunca tive qualquer problema nesta local e os 7 dias de sol e aviões passaram-se que foi uma maravilha!
Quanto ao tráfego é variado sim senhor mas também tem alturas que só se vê Emirates (11:30 – 13:00) e 737s da flydubai. Vê-se muito tráfego dos países vizinhos e sendo um aeroporto que opera 24H por dia, perdem-se muitas companhias que só chegam durante a noite. Da Qatar Airways e da Saudi vale tudo. B777, A350, B747, A320, A330, B787, A321… Do Irão também se vê A340-600 / A310 / A300 da Mahan Air bem como Fokkers 100 (da Naft Airlines, por exemplo) e ATR-72. Com o “novo” aeroporto DWC já aberto, muita carga saiu do Dubai DXB. No entanto UPS e FedEx mantém um forte presença, a Aerologic por vezes aparecia com dois B777, e a TNT operava à tarde ( e com uma luz que era um mimo) dois voos com o B777. Perdi a conta o numero de vezes que fotografei o OO-TSA e o OO-TSB. Pelo meio lá aparecem uns bizjets, vê-se alguns A320 da Air Arabia a descolarem de Sharjah e a passarem por cima, um ou outro IL-76 em descida para SHJ e alguns helicópteros que fazem a left base leg para o heliporto.
No sábado dia 05 de Dezembro, depois de fotografar o último avião com luz (UR-PSJ) e ter comprado o jantar no Carrefour, voltei ao Terminal 1 do aeroporto. Apanhei pela última vez o confortável 367, mudei em Etisalat e na estação de metro “Union” mudei para a linha vermelha até ao T1. O voo BA106 (G-CIVY – quem diria, registo novo para mim) descolou ligeiramente atrasado mas chegou cedo de mais a LHR, encontrando-se o aeroporto ainda fechado (antes das 6AM). Uma espera e uns ziguezagues depois, voltava a LHR. O voo para Lisboa BA502 (G-EUUU) teve restrições de slot à partida e descolou já um pouco depois do por do sol. Aterrei na pista 21 pelas 18:30. Eu e umas boas centenas de fotos do tráfego do Dubai.
A Operação Mirdif, no terreno, foi um enorme sucesso. Agora vem a parte logística. Irei começar a colocar aqui as fotos e o log só virá muito mais tarde. Ainda tenho os registos de viagens de Setembro e Outubro para organizar e publicar aqui na APEA, pelo que os desta viagem virão bem depois das fotos.
Mas para hoje o chefe recomenda um menu Paquistanês

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As entradas:
AP-BLW A320-214 Pakistan International
AP-BLA A320-214 Pakistan International
O prato principal:
AP-BHV B777-340/ER Pakistan International
A sobremesa (reparem no registo antigo 9H-IMW na asa esquerda):
AP-SSH EMB-135BJ
Abraço
PS: Alberto Oliveira, querias um trip report não é?! Agora só paro quando tu disseres

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